domingo, 16 de novembro de 2014

The Wolf Among Us

Embora a Telltale já esteja produzindo adventures desde 2005, foi somente com o lançamento de The Walking Dead, em 2012, que a empresa se tornou realmente conhecida. Explorando a história criada por Robert Kirkman de maneira genial, o título publicado em capítulos chamou a atenção tanto do público quanto da crítica especializada e foi eleito por diversos veículos como o game do ano.
 
Com The Wolf Among Us, o estúdio volta a explorar o mundo dos quadrinhos adultos, desta vez se inspirando em Fábulas, de Bill Willingham. Apresentando uma trama que se passa anos antes do início da HQ, o jogo nos coloca no papel de Bigby Wolf, um detetive encarregado de solucionar um misterioso assassinato que põe em risco a segurança de toda a comunidade mágica que vive na cidade de Nova York.
Faith, o primeiro dos cinco capítulos programados pela Telltale, serve como introdução para a trama e nos apresenta a diversos personagens que possuem diferentes graus de importância durante a história — mais do que apresentar uma resolução para conflitos, o lançamento tem o objetivo de nos convencer a entrar no universo criado por Willingham e ficar lá durante os meses em que o estúdio leva para terminar de contar sua história.
APROVADO
Video game ou quadrinho?
O primeiro ponto que chama a atenção em Wolf Among Us - Episode One: Faith é a sua apresentação. Embora o game utilize uma versão ligeiramente aprimorada da engine de The Walking Dead (o que significa que ele não é um primor em quesitos como animação ou quantidade bruta de polígonos), a direção de arte empregada pela Telltale faz com que seja fácil diferenciar facilmente as duas séries.

Empregando cores berrantes que ajudam a dar um clima noir ao jogo (graças ao contraste que elas proporcionam) combinadas aos traços grossos que contornam os personagens, o game se aproxima muito do visual de um quadrinho. A semelhança é tanta que, em alguns momentos, fica difícil diferenciar quais elementos são construídos em polígonos e quais não passam de simples texturas bidimensionais empregadas como plano de fundo.
Aliado aos design de personagens competente visto em Fables, isso resulta em um título bastante agradável visualmente e com uma identidade própria bastante evidente. O trabalho só não chega a ser perfeito graças a problemas relacionados às animações dos personagens, que se mostram muito robóticas em alguns momentos, proporcionando algumas transições estranhas em alguns momentos (especialmente nas cenas de combate).
Não lê os quadrinhos? Isso não é problema
Embora seja baseado em uma história de quadrinhos de sucesso, The Wolf Among Us —  Episode One: Faith, não é preciso acompanhar a publicação da Vertigo para entender o que está acontecendo (embora isso enriqueça a experiência). Na verdade, tudo o que você precisa saber sobre o universo do jogo é explicado em três frases curtas que abrem a aventura.

Há centenas de anos, as criaturas pertencentes às centenas de reinos que constituíam o mundo das fábulas se viram obrigadas a buscar refúgio na realidade graças à ação de um inimigo misterioso. Os sobreviventes se reuniram em uma pequena comunidade da cidade de Manhattan conhecida como Fabletown, na qual residem as criaturas capazes de assumir formas humanas — seja naturalmente ou através de feitiços conhecidos como “glamours”.
Já aqueles que possuem formas pouco adaptadas ao mundo real vivem em um local conhecido como A Fazenda, encarada por muitos como uma prisão. Nesse cenário, você assume o papel de Bigby Wolf, o famoso Lobo Mau (da fábula dos “Três Porquinhos” e do conto da “Chapeuzinho Vermelho”) que, arrependido de seu passado, agora atua como agente da lei em meio à comunidade das fábulas sobreviventes.
Um mistério a solucionar
A principal diferença entre The Walking Dead e Wolf Among Us é a maneira como a trama dos dois games se desenvolve. Enquanto no primeiro há sempre uma sensação de aflição graças à ameaça iminente proporcionada pelos mortos-vivos, o segundo permite que você tome seu tempo investigando os ambientes, se aproximando muito dos adventures lançados durante a década de 90.

Faith ganha pontos ao introduzir o problema principal de sua trama aos poucos, usando os elementos que tem à sua disposição para aprofundar o relacionamento entre os personagens e para apresentar subtramas cuja importância nem sempre fica clara em um primeiro momento — algo que ajuda a aumentar o impacto que a cena final tem sobre o jogador (cujos detalhes me recuso a revelar).
Infelizmente, a característica episódica do game da Telltale impede uma avaliação mais completa do roteiro, visto que ele deixa diversas pontas soltas que só devem ser desenvolvidas nos próximos capítulos. Levando em consideração essa limitação, a trama exibida pela empresa não decepciona, apresentando elementos o suficiente para que você fique satisfeito ao mesmo tempo em que fica ansioso para descobrir mais detalhes sobre o que está acontecendo.
Escolhas ilusórias que valem a pena
Uma das principais críticas feitas a The Walking Dead era o fato de que, apesar de o jogador fazer diversas escolhas durante sua trama, em âmbito geral muitas delas possuíam pouco impacto no resultado final. Embora a mesma sensação permaneça em The Wolf Among Us, o jogo consegue dar mais motivos para você reiniciar a jogatina e optar por caminhos diferentes.

Isso fica especialmente evidente em duas cenas de Faith, nas quais é preciso optar por dois caminhos bem diferentes entre si. Dependendo de sua escolha, personagens podem morrer ou continuar vivos, o que acaba tendo um grande impacto na maneira como a investigação de Bigby prossegue.
O que é mais interessante nesses casos é o fato de que, dependendo do que você escolher, evidências podem ser alteradas e diálogos inteiros podem mudar. Assim, a única maneira de montar completamente o quebra-cabeça apresentado pela Telltale é criando pelo menos dois saves, cada um deles dedicado a seguir um dos caminhos bolados pela empresa.

Embora nesse estágio tudo indique que, independente de suas opções, Bigby sempre vai resolver o mistério, as diferenças entre os caminhos seguidos é evidente. Com isso, fica a sensação de que você realmente está construindo sua história própria dentro do jogo, por mais que ela fique limitada pelas escolhas determinadas pelos desenvolvedores.

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