domingo, 16 de novembro de 2014

F1 2014

É difícil encarar F1 2014 sem ter aquela impressão de algo que já nasceu um tanto quanto datado. Afinal, como deve saber qualquer um que tem acompanhado as novidades do simulador, a Codemasters deve lançar a versão deste ano apenas para as gerações anteriores de consoles — reservando o grosso do caldo para o Xbox One e para o PlayStation 4 na edição 2015 do game.
Estratégia difícil de se questionar, é verdade. Afinal, séries como F1 trazem consigo a promessa de alguma periodicidade. Isso, entretanto, não exime os desenvolvedores do tempo necessário para ajustar as porcas, a fim de trazer algo realmente digno de uma nova geração de plataformas. Bem, mas será F1 2014 apenas isso, algo para ocupar um espaço? Bem, sim; e não. Depende de que ângulo de que se olha.
Por um lado, é muito provável que, ao ligar o jogo, você encontre algo incrivelmente semelhante à versão 2013. Quer dizer, há alguns ajustes para acompanhar as normas da temporada deste ano e tal, mas, essencialmente, trata-se de um jogo muito semelhante.
Entretanto, para os mais aficionados, pode ser justamente essa distinção — essa capacidade de manter o passo acertado com o evento maior da Fórmula 1 — o elemento que justifique gastar alguns trocados extras no adeus de F1 à sétima geração. Mas também não deve faltar alguém que glorifique a jogabilidade um tanto mais acessível para quem inicia a jornada no cockpit.

Work in Progress

Antes de tudo, convém deixar claro: o game liberado para o BJ foi uma versão Beta, de forma que algo ainda pode mudar até outubro, sem dúvida. Na verdade, boa parte das opções de jogo ainda não estão acessíveis nessa edição prévia. O novo modo carreira, por exemplo, resta ainda como um belo ponto de interrogação.
Entretanto, já é possível ter uma ideia do que está por vir, é claro. Por exemplo, assim que o jogo se inicia, você agora é convidado a participar de uma volta de avaliação, a fim de saber qual é o nível de dificuldade mais condizente com as suas habilidades. E, bem, talvez seja o momento de reconhecer aqui: embora os simuladores sempre tenham me agradado, eu não sou propriamente um ás das pistas virtuais.

“O seu nível é ‘Muito Fácil’”

Ok, mas precisa jogar isso na cara? É claro que sim — e mais de uma vez. Em duas voltas de teste, mesmo que eu tentasse extrair o máximo do controle do Xbox 360 (conectado ao PC), o jogo educadamente me informou, em bom português, que o nível “Muito Fácil” era o mais indicado para as minhas modestas habilidades. E como me pareceu que continuar tentando apenas aumentaria o constrangimento, fui daí para as corridas.
Ali, de fato, se tornou clara a escolha do jogo, assim como a própria inclusão do nível “Muito Fácil”. F1 sempre foi associado à ideia de um simulador “hermético”, fechado aos não iniciados. Historicamente, quem tentasse a sorte esperando algo entre Need For Speed e Mario Kart podia acabar comendo brita e destroçando o carro antes mesmo de cruzar a linha de chegada como o último dos retardatários.
O que a Codemasters parece ter tentado aqui foi uma reunião do melhor de dois mundos. De fato, em vez de comprometer o nível de exigência típico do F1, a desenvolvedora simplesmente estreou um novo modo de dificuldade. E, sim, apesar do nome, “Muito Fácil” pode ser bastante desafiador para quem tenta a primeira incursão na série — ou está incrivelmente enferrujado (para usar a desculpa mais fácil). Entretanto, as coisas aqui jamais se tornam frustrantes (caso se tornem, talvez seja melhor você voltar para NfS e Mario Kart mesmo).

Sim, o modo “Clássicos” se foi

Sim, a versão que nós testamos é ainda Beta. Entretanto, nenhum vestígio do modo “Classic Scenarios” pôde ser encontrado em canto algum. De fato, a Codemasters já havia anunciado: nada de correr com os cânones do automobilismo na nova versão.
Difícil não considerar isso frustrante, de qualquer forma. Afinal, a possibilidade de correr com Lotus e McLarens antigas, com desafios históricos, certamente acrescentava um bom tempero ao título. Algum problema contratual pode ter deixado essa bela possibilidade de fora? Difícil dizer. Agora é esperar que o modo se torne novamente disponível com a edição para as novas gerações, em 2015.
Para contrabalancear, entretanto, o modo de “Scenarios” ganhou diversos desafios extras. Trata-se de retomar uma posição antes do final de uma corrida, por exemplo, ou de aproveitar os problemas de motor experimentados por determinado piloto — sendo que todos os desafios são retirados de corridas reais durante a temporada.

Belo e funcional

Mesmo jogando com um controle, é fácil perceber que F1 se mantém absolutamente digno do título de “simulador”. Solavancos do carro, o diferencial trabalhando, a aceleração, o efeito da liberação da asa traseira... Tudo pode ser “sentido” no carro de forma bastante verossímil. Entretanto, parece se tratar de algo que simplesmente foi mantido de edições passadas.
De fato, o mesmo vale para os gráficos. Em suma: não vá esperando imagens incrivelmente mais polidas e realistas, já que esse com certeza não é o caso. F1 2014 é tão belo quanto os seus antecessores, e isso deve bastar. Afinal, conforme já foi dito, a Codemasters guarda o fôlego atualmente para as novas gerações de consoles.

F1 atualizado

Aos preciosistas de plantão, entretanto, vale destacar que F1 se mantém em 2014 como um panorama relativamente realista da Fórmula 1. “Houve mudanças dramáticas no esporte; trata-se da maior alteração nas regras e nas regulamentações em muito tempo, e as novas unidades de potência acrescentam desafios bem diferentes, tanto para os pilotos quanto para as equipes”, destacou a Codemasters, fazendo alarde do retrato fiel que você deve encontrar aqui.
Ademais, resta ainda a promessa de um novo modo carreira — que nós não pudemos conferir na versão Beta.

Particularmente, preciso considerar que a adição da dificuldade “Muito Fácil” e dos testes de nivelamento foram uma bela sacada — sem comprometer a parte “simulação” da coisa, um tiro no pé disparado por várias franquias ao longo dos anos. Entretanto, a exclusão do modo de cenários clássicos e a relativa manutenção dos visuais e jogabilidade, de forma geral, acaba dando a impressão mesmo de um “tapa-buraco”. Agora, é esperar e ver se há algo de realmente surpreendente na versão definitiva.

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